Ser empreendedor na área cultural e artística não é tarefa fácil, disso nós sabemos. Além de ser criativo, inovador, crítico, impactante e ser “comercializável”, você ainda precisa ter conhecimentos em gestão, distribuição, logística e marketing – afinal, sua arte ou projeto cultural não vai se vender sozinho.
Nesse texto, não vou falar sobre ações que nós temos certeza que você já faz, como divulgar seu produto no Instagram, Facebook e na sua lista de WhatsApp; fazer um evento no Facebook; ou até mesmo enviar informações sobre ele para a imprensa. Aqui, nós vamos falar sobre ações mais sutis e estratégicas, que complementam essas outras, ou são autônomas, mas que fazem total diferença na hora de propagar a sua arte.
- Conheça as suas personas
Você sabe quem tem interesse pelo seu livro? Quem é um possível consumidor do seu tipo de arte? Quem é o público potencial do seu espetáculo? Sabe qual a faixa etária, os hábitos, gostos, faixa de renda, que lugares frequenta, que sites utilizam? Conhecer quem é o seu cliente ou potencial cliente é essencial para dar tiros certeiros e não gastar energia e cartas na manga com o que não converterá em audiência para o seu trabalho. Ter esse estudo é de grande importância inclusive na hora de escolher em quais estratégias investir.
2. Se preocupe com naming e branding
Qual será o primeiro contato do público com seu produto? Muito provavelmente por meio de um nome, marca, paleta de cores, signo. Ou talvez pelo contexto em que ele esteja inserido em um site, evento, mídias sociais. Por esse motivo, é importante se preocupar não apenas com o produto em si, mas como o nome que você dará a ele, com a marca, e o quanto essas soluções se associam com o que você quer divulgar.
Para entender melhor, trago um exemplo prático. Encontramos certa vez em São Paulo um vendedor de cadernos de couro em estilo medieval, todos feito a mão. Ele não tinha um nome ou uma marca (usava apenas as iniciais do seu nome no cartão de visitas). Resolvemos apoiar o projeto e fizemos um processo de naming para eles. Chegamos ao nome “Corium”, que é um nome em latim (remete diretamente ao medieval); que significa couro (principal característica do produto); e também remete à palavra “cuore”, “coração” (o que entra no campo semântico da afetividade, já que o produto é todo personalizado e feito a mão). Após isso, trabalhamos no branding e criamos uma marca para o cliente. O resultado você confere no Instagram deles.
3. Na hora de patrocinar, vá direto ao ponto
Uma das coisas mais importantes que aprendi enquanto gestora de marketing digital é que o patrocínio no mundo online vai muito além de propagar para muitas pessoas a um preço mais acessível. É possível acertar em cheio o seu público com potencial de compra – se você o conhecer bem. Portanto, esqueça os atraentes botõezinhos de “impulsionar este post”, “promover”, e descubra o maravilhoso mundo do Google Ads e do Gerenciador de Anúncios do Facebook e Instagram. As possibilidade são inúmeras e você pode vincular os seus anúncios a públicos mais quentes (como os visitantes do seu site, pessoas que acompanharam seus vídeos nos últimos dias, que interagiram com seu Instagram, e até à sua lista de clientes) e com isso personalizar melhor os seus anúncios. Já imaginou anunciar a nova edição do seu evento para todos os que confirmaram presença na última edição? Isso é possível! Não perca dinheiro com anúncios aleatórios. Segmente, estruture e converta.
4. Estimule o interesse e facilite o trabalho da imprensa
Ligar para o colega que trabalha no jornal local e mandar as informações sobre o lançamento do seu novo filme é bacana, mas jornalista gosta mesmo é de “gancho” e de material pronto para ser publicado. Portanto, lembre-se: o nome do seu espetáculo não interessa tanto assim, o que conta mesmo é o quanto você consegue convencer do por que ele é (socialmente) relevante. Uma vez a pauta vendida, é importante garantir que o jornalista tenha um release bem estruturado, fotos convidativas, artes em boa qualidade, ficha completa e um contato acessível para entrevistas. Aí é bola dentro! Ou melhor, casa cheia!
5. Faça parcerias
Se você fala sozinho, pouca gente vai te escutar. Mas se consegue que muitos falem com você sobre o seu produto ou evento, o assunto vai se tornar no mínimo mais conhecido. Portanto, sabe aquele colega ator cheio de fãs nas mídias sociais? É hora de contar com a ajuda dele. Ou aquele primo digital influencer que talvez tenha algo a ver com seu público-alvo? Manda uma mensagem no WhatsApp e pede um story. Faça o máximo de parcerias possíveis. Invista no relacionamento.
6. Pense como um consumidor
Um grande erro de produtores culturais e artistas, em geral, salvo exceções, é não conseguir pensar como consumidor. Seu produto é acessível? Que tal montar uma lojinha online? Você dificulta o acesso ao seu evento? Como está a venda de ingressos? Já cadastrou o seu evento em um sistema de vendas de tickets para facilitar para o público mais preguiçoso? Você aceita cartão? Pense sempre com a cabeça do seu cliente em potencial, tenha empatia e isso seguramente vai te ajudar a conquistar mais adeptos ao seu projeto cultural.
7. Cuide dos seus clientes
Por fim e, talvez, mais importante. Quem consome a sua arte ou frequenta os seus eventos é um público cativo que já travou uma relação com o produto. Isso é ouro. Conheça esses “leads”, saiba quem comprou suas telas; quem foi para a exibição do seu filme ou para a apresentação do seu espetáculo; quem visitou a sua exposição; quem já adquiriu seus livros. Mantenha uma relação com esse público, faça um “pós-venda”, não deixe que esqueçam você, crie uma estratégia de newsletter, de mídias sociais, mantenha o interesse. O esforço para manter e alcançar mais resultados com essas pessoas é menor do que para conquistar novos leads.