Sobre ser mulher empreendedora

Assim como a política, a ciência, a engenharia e outras áreas, o mundo dos empreendedores ainda é majoritariamente masculino. Há uns bons anos fiz uma publicação no Facebook questionando o fato de quase 100% dos escritórios de advocacia, por exemplo, terem como “nomes de guerra” sobrenomes de homens, representando que a sociedade era quase sempre masculina. Um amigo comentou inferindo que, talvez, o fato se desse pelo fato de os homens terem mais “coragem” para empreender. De dar a cara ao tapa, de viver na corda bamba, de correr atrás de seus objetivos por conta própria, enquanto as mulheres optam por buscar estabilidade.

Na época, até concordei. E talvez este seja um fato. Fato, porém, que é resultado de uma cultura que na maior parte das vezes preenche as mulheres com outras metas e obrigações mais domésticas enquanto para os homens o incentivo para aventurar-se e ser senhor do seu trabalho é mais glamourizado. O homem que abre um negócio é “corajoso”, “visionário”. À mulher cabe quase sempre o papel de vislumbrar o projeto da casa, do sucesso dos filhos e de ser o pilar de estabilidade necessário naquela vida maluca do homem empreendedor.

Vamos ser honestos. O empreendedorismo ainda é uma cultura pouco estimulada – seja para homens ou para mulheres. A estabilidade que vem com a promessa de um emprego consistente em uma grande empresa, ou com a aprovação em um concurso público acaba sendo o tesouro ao fim do arco-íris que muitos perseguem. Mas, para as mulheres, isso é muito pior já que, além da programação que nos faz perseguir a estabilidade, ainda há aquela que nos faz crer que não é possível para uma mulher empreender e ter uma família, por exemplo.

E isso é só o começo da jornada. Superada a barreira inicial da “coragem” para empreender, enfrentamos as seguintes situações, com as quais talvez algumas das mulheres que me leem se identifiquem:

  1. O cliente que se mostra mais interessado em você sexualmente que profissionalmente;
  2. O cliente que quer provar e colocar em xeque o seu conhecimento o tempo inteiro;
  3. O cliente que faz questão de falar mais alto que você;
  4. O contrato perdido para o concorrente um pouco mais caro e menos talentoso porque “a camaradagem masculina” fala mais alto;
  5. O contrato não fechado por descrença ou preconceito de gênero.

Na maior parte das vezes, nada disso influencia no seu sucesso, contanto que preste um bom serviço e tenha a capacidade de trazer retornos positivos para o seu cliente. Mas o que quero dizer é: para a mulher, é muito mais difícil “ser levada a sério”. Ou como a série “Scandal” deixou claro em determinado episódio: “Trabalhe o dobro para ganhar a metade”. Quando no mundo masculino, entre camaradas, uma falha é mais facilmente relevada e por vezes transforma-se em piada, ou mero comentário afiado, para uma mulher a crítica é mais ferrenha e pode custar a credibilidade, um contrato, ou uma reputação.

Felizmente, o número crescente de empresas geridas por mulheres nos faz ter certeza que, mesmo na contramão da cultura e dos hábitos conservadores, o empreendedorismo feminino veio para ficar e ainda fará muito por nossa sociedade. Portanto, apoie empresas de mulheres, compre produtos de mulheres, contrate serviços de empresas femininas. Não porque precisamos de cotas, mas porque só precisamos de público para provar que, sim, temos coragem, e que, em matéria de empreender, somos tão boas quanto – ou melhores.

Sobre o autor: Andressa Vieira
Jornalista, cinéfila incurável e escritora em formação. Típica escorpiana. Cearense natural e potiguar adotada. Apaixonada por cinema, literatura, música, arte e pessoas. Especialista em Cinema, Marketing Estratégico e mestranda em Estudos da Mídia (PPgEM/UFRN). É diretora da Atena.

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